domingo, 28 de julho de 2013

Domingofobia



Já conheci várias pessoas que não gostam dos domingos, especialmente à noite. Hoje eu sou um cara que detesta, com todas as forças! (rs) Chego a torcer para que a segunda de manhã chegue rapidinho! Mas nem sempre foi assim. Nos tempos do meu amor tínhamos um acordo: em qualquer dia (fora os domingos) era eu o encarregado de tudo! Desde inventar surpresas (coisa que eu mais adoro!), cuidar dos detalhes de qualquer evento que fossemos participar, como ir a uma festa, receber amigos aqui, até o “serviço doméstico”, ou seja, cuidar da arrumação geral do nosso cantinho. Mas, nos domingos... tudo, tudo mesmo, ficava por conta dele! E eu sou exigente, tá.

Nos domingos comuns, sempre pela manhã íamos caminhar em algum parque, depois ele me levava para almoçar em algum restaurante que eu ainda não conhecia (o que, cá entre nós, era bem melhor do que quando ele inventava de fazer o almoço... ele era um zero seguido de muitos zeros, em matéria de culinária  rsrsrs). Se o dia estivesse bonito, como hoje, depois costumávamos ir ao cinema, depois uma lanchonete... quer vida melhor? Éramos felizes, tínhamos plena consciência disso. E essa felicidade era sempre tão maior, quanto mais simples eram as coisas que fazíamos.   

Nesses tempos mais frios, quando chegava lá pelas 21 horas, tomávamos banho e corríamos pra debaixo do edredom. Nossa, só de escrever isso consigo “sentir” o corpo dele (é uma lembrança táctil muito boa!), aquela pele que eu adorava acariciar. Raramente transávamos aos domingos (rs)... então, ali na cama, conversávamos, sempre agarrados. Acho incrível como tínhamos assunto! Parece que não acabava nunca. Engraçado, pensando agora, não me lembro de nenhuma briga ou discussão que tivemos em algum domingo!

Relendo isso, antes de publicar: ficou parecendo uma redação escolar, né?! (rsrsrs) Pode ser que essas lembranças, de tão singelas, carreguem mesmo alguma coisa de pueril em seu conteúdo. E me façam sentir como um menino que escreve pra contar como foi seu fim de semana...



quinta-feira, 25 de julho de 2013

Quando a dor teima em voltar

De vez em quando acontece algum momento, como um flash, e volta pra mim alguma parte da minha história. Desculpem! Eu vejo esse blog como uma forma de não deixar que essas lembranças se enraízem mais ainda. Então venho aqui e as trago à tona. Não sei se vocês entendem isso, nem é suposto que tenham que entender ou necessitem ter algum compromisso em me dar apoio, tá bom?! Óbvio que me faz bem ler o que vocês escrevem! E, podem acreditar, eu sinto que estou conseguindo lidar cada vez melhor com essas lembranças.

Hoje foi um desses dias. Um dia bem cansativo no trabalho, um tempo super feio, fechado, frio, chuva. Uma carga imensa de questões, que eu terei que resolver até segunda-feira. O trânsito parado, a chuva não dando trégua... acionei uma seleção aleatória de músicas pra tocar. Lá pela 3ª música, começa a tocar “Guillemots”. Não sei se vocês conhecem essa banda. É uma das minhas preferidas. O problema foi a música, naquele exato instante, naquela exata circunstância... e voltou pra mim um dos momentos mais tenebrosos que vivi na minha vida.

Fim do velório dele. Um dia muito parecido com o de hoje. Nossa, eu estava tão cansado, tão esgotado, mais de 24 horas sem pregar o olho, sem comer nada. Eu não tenho em mim detalhes de tudo o que aconteceu aquele dia... era como se eu estivesse vivendo um pesadelo, sem sentir o corpo. Não liguei para nenhum amigo meu. Só haviam pessoas da família dele. E eu, num canto, apenas a irmã dele vinha, poucas vezes, se sentar ao meu lado. Eu não tinha mais força alguma.

Durante 2 anos eu procurei encontrar alguma força pra conseguir enfrentar, sempre com alguma esperança, todo o drama que vivíamos. Mas, ali, quando só restava a constatação do fim, eu nem conseguia ordenar pensamento algum que ainda houvesse em mim. Eu, que havia largado o cigarro há muito tempo, naquele dia fumei 3 maços. Era automático. Era o que eu conseguia fazer! Não tive coragem (nem sei se essa é a palavra) de olhar pra ele no caixão. Como é difícil lembrar isso tudo!

No fim da cerimônia no crematório, todos se organizaram pra ir embora. Eu fiquei sozinho, sem conseguir atinar o que fazer. Entrei no carro, os gestos todos eram automáticos. Nunca, mesmo hoje, consigo lembrar o percurso que eu fiz. E foi quando, no meio do engarrafamento, da chuva, que começou a tocar essa mesma música que ouvi hoje. Não lembro exatamente o que pensei na época. Acho até que, durante mais de 6 meses, nem consegui pensar em muita coisa, fora o trabalho. Hoje, quando ouvi, eu soube!

Para quem voltava pra casa e, não importando o tempo que fosse, o cansaço que fosse, as angustias, os erros, as desesperanças, nada disso importando, pois sempre havia um abraço apertado, o contato com um corpo que continha todos os desejos, toda a alma, toda a verdade... esse simples ato que carregava e consubstanciava todo o nosso amor, esse ato não existia mais! Nunca, em nenhum dia que veio depois, eu senti um vazio tão real e objetivamente tão claro, como naquele dia, voltando pra casa, com a absoluta certeza que tudo havia acabado.

Hoje eu senti novamente. A diferença (será que isso significa alguma coisa?) é que eu consigo racionalizar e ter a coragem de escrever aqui. Agora, depois de chegar, tomei um banho quente, comi alguma coisa, entrei na net pra ver se encontrava essa música pra ilustrar o post. Bem... uma surpresa ao encontrar esse vídeo! Parece loucura, mas, em algum lugar do mundo, alguém fez um vídeo, num dia de chuva, andando por alguma cidade, e colocou de fundo essa música. Foi como se eu, agora, pudesse me ver naquele dia, “de fora”, eu como espectador de mim mesmo, naquela situação. Então, me acalmei e escrevi esse post.




PS1: Vontade de escrever pra pessoa que fez esse vídeo!
PS2: Puxei o vídeo para uma conta minha. Vou escrever pra ele agradecendo... é isso!


quarta-feira, 24 de julho de 2013

Uma questão

Outro dia eu estava conversando com um amigo, que é homo, casado (uma graça de casal!). Não lembro como o papo se encaminhou para o assunto: quando é que descobrimos que éramos gays. E ele disse uma coisa que, pra mim, não faz muito sentido, e deixei bem claro pra ele isso. Ele falou que, até os 20 e poucos anos ele não sabia ao certo. E que “a ficha só caiu” quando conheceu o atual parceiro dele. Isso me soou absolutamente estranho! Será possível que uma pessoa passe pela infância, adolescência (principalmente essa fase!), entra na juventude e não sabe exatamente qual a sua orientação sexual?! Muito estranho!

Desde onde minha memória me deixa levar, sempre tudo foi muito evidente, o que eu sentia. Não sei se foi sorte minha, ou meu próprio modo de encarar a vida, mas isso (o saber-se gay, mesmo que não com todas as letras e pontos finais) sempre foi muito tranquilo. Eu nunca sofri, ou tive dramas de consciência... nunca me senti deprimido, ou coisa semelhante. E não tem nada a ver com a educação que recebi dos meus pais! Que, aliás, morreram sem saber quem eu era realmente. Eu nunca me senti diminuído, nem fragilizado, enfim, penso que talvez isso se deva ao meu modo de ser, que sempre almejou ser independente acima de qualquer outra coisa. Deve ser isso.

A história do meu lindo é bem o oposto da minha. Antes de a gente começar nosso relacionamento, principalmente durante sua adolescência (ele sempre me falava disso) tudo foi bem complicado pra ele. Tinha a não aceitação por parte dele mesmo, um sentimento de “ser errado”, fora o medo  que ele tinha da família, dos amigos, de como seria a reação deles. Vocês nem imaginam o quanto tivemos que conversar, o quanto que eu tive de demonstrar pra ele que todos esses receios não tinham fundamento. Acho que o nosso primeiro ano juntos foi uma batalha, até que ele não encanasse mais. Essa também foi uma boa coisa que fiz, na intuição, sem ter noções de psicologia, ou qualquer coisa mais científica (rs).

Como eu até já comentei aqui, por várias vezes eu falei que achava legal conversarmos com seus pais. Eu queria, de fato, me mostrar pra eles, falar de mim, que eu não era nenhum bicho papão. Óbvio que eu não era tão bobo a ponto de achar que isso seria algo fácil. Mas eu sempre falava que era muito melhor encarar de frente, logo no início, pra não deixar dúvida do que estava acontecendo. E ele, sempre vindo pro meu ap praticamente todo fim de semana, insistia em falar meias verdades (sempre querendo adiar uma conversa minha com os pais), porque, segundo ele, a verdade inteira apareceria por si mesma.

Eu penso que a sexualidade é apenas um aspecto do que cada um de nós é. Temos tanto mais a compor esse “mix” que chamamos de nossa personalidade! A minha questão é (bem sincera, tá!... sem julgamentos rs): será que todos os dilemas por que passam os gays “mais problemáticos” não nascem justamente de fazer tudo girar em torno do tema sexualidade? É apenas uma dúvida que eu tenho, sem a pretensão de escrever um tratado, ou de ter a resposta correta. Mesmo porque não acredito que exista apenas uma resposta a qualquer questão complexa como essa.

Eu sei que tem todo o problema do ambiente, do entorno, tudo bem! E que tem implicações bem decisivas sobre esse assunto. Aqui, no entanto, eu apenas estou me referindo à postura que temos diante de nós mesmos. Será que eu estou sendo muito simplista, ou cometendo algum erro grave nessas minhas ponderações?


sábado, 20 de julho de 2013

Bom engov pra você

Ai... ui... ahm... acho que exagerei “um pouco”! Vodca, tequila... não, foi a azeitona! (rsrsrs) Desde que acordei já me entupi de gatorade, chá de boldo... que sensação horrível! Melhorando agora. Será que eu consigo lembrar de tudo? Por onde começo? Pelo início, quando eu, num lance tresloucado (pelo menos era o que eu pensava), convidei o “arquiteto” pra ir na minha festinha surpresa. Duas coisas que me chamaram a atenção enquanto conversávamos: ele pareceu com voz mais firme, mais positiva e, depois de agradecer pelo convite, perguntou se eu não achava melhor que fossemos no carro dele. Grande sabedoria isso (rsrsrs)... recuperou um pontinho na minha escala.

“E onde você quer que eu te pegue?” Segundos de reflexão (rsrsrs): “Você mora onde? Dá pra me pegar aqui no meu AP? Anota aí o endereço... é perto da sua casa!” Fui na intuição, tá. Não sei se era a hora dele saber onde eu moro, mas, não consigo explicar, a voz, a “postura” dele ao telefone, estava diferente. Senti firmeza. Fora que achei muito gentil da parte dele se dispor a ser “o motorista da vez”, sendo convidado. Mudança de tática? Pode ser... fato é que eu já estava gostando da coisa toda.

Pontualidade britânica! Meio pontinho a mais (rsrsrs). Bonitão, cheiroso (adoro homem perfumado!), me cumprimentou discretamente. O barzinho não ficava muito longe. Só amigos meus, inclusive do trabalho. Novamente me veio a ideia da coragem dele. Desde que me abordou aquele dia (e que eu achei “ousadia”), mas que, como o Foxx disse na época, agora me parece “jogo aberto” da parte dele. Interessante. Se enturmou rápido, ouvindo as conversas, dando “pitacos” bem assertivos. Bem bacana, gostei!

Preciso abrir parênteses (desculpem, é o meu jeitinho rs): foram 4 meninas lá do trabalho. Super gentis, coisa e tal. Só não consigo entender uma coisa: eu, 42 anos, “solteiro”... em todos os eventos em que eu compareci, sempre com o meu lindo a tiracolo. Acredito que era praticamente público (embora nunca oficial) o meu relacionamento. E, mesmo assim, não é que uma delas ficou “dando em cima”! Será que é curiosidade? Não entendo!

Quando eu era jovem até saí com algumas meninas. Eu tinha que me certificar que não gostava da fruta, né. Não dá pra dizer que não gosta sem experimentar (rsrs), mesmo que seja pra um tira-teima. Não gostei! É muita coisa em certas partes, falta em outras... fora a pegada, a pele, o cheiro. Enfim, não aprovado! De lá até hoje nunca mais ninguém me viu com alguma menina em qualquer lugar que seja. Não é bandeira suficiente? Mesmo assim, ontem lá veio uma delas toda se insinuando. Não dá, né! Fechando os parênteses.

Tirando esse “incidente” tudo correu às mil maravilhas. Até demais. Especialmente nas bebidinhas... perdi as contas. Mas sem dar vexame. Apenas não conseguiria voltar pra casa por minha conta, né. E ele... um gentleman! Quando voltamos, me levou até o apartamento. Perguntou se eu queria que ele fizesse um café forte (argh, sem açúcar!), me deu um engov que tinha na carteira (prevenido o moço), fez mil recomendações. E como tudo estava tranquilo (eu apenas esperando o momento em que ele resolveria “abusar” da minha pessoa rsrsrs), se despediu e foi embora. U-A-U! Impressionante!

Olha, efetivamente gostei demais dessas atitudes do rapaz! Se no primeiro dia eu tinha dado nota 8, que depois caiu pra 5... ontem subiu a cotação: merecendo um 9 agora! (rsrsrs)

Falando sério: depois que eu acordei, repensando tudo o que aconteceu, começo a acreditar que eu posso ter ganhado um amigo. Tem algum sentimento “especial” nascendo aqui dentro de mim? Com certeza não! O que eu sinto é que ele é uma pessoa bacana, com quem se pode conversar sobre vários assuntos e que também parece interessado quando os assuntos não são do seu domínio. É sensível, educado, charmoso, bom de cama (rs). Mas não sei, sinceramente, se eu conseguiria me apaixonar. Dá pra entender?

Ah, ia me esquecendo! Até agora (11:40 hrs) só me mandou um sms perguntando se estava tudo bem! O que vocês acham? Merece meio pontinho a mais? (rsrsrs)

quinta-feira, 18 de julho de 2013

4.2

Amanhã, se der a lógica, vou ter uma festa “surpresa”. (rsrs) Tudo bem, têm as pessoas que só vão no embalo, mas têm outras, eu sei, que é sincero o carinho, a amizade. Se existe uma coisa de que eu não posso reclamar é dos meus poucos, mas bons, amigos. Vamos conferir...

Confissão: acho que acabei de fazer uma besteira, da qual me arrependerei! Como nos dois últimos anos eu fiquei deprê... bem, telefonei... adivinhem pra quem? Meu Deus, tomara que eu não tenha feito a cagada do século! Pelo menos pode ser a garantia que eu não vá partir pro porre. Lucidez, onde estás, que eu preciso muito de você?! (rsrsrs)


quarta-feira, 17 de julho de 2013

De tudo o que tivemos na vida (parte 2): a tal família

Atendendo a pedidos (rs). Na parte 1 eu contei sobre nossa primeira viagem, aquela, pra Disney. Pode parecer, à primeira vista, que tudo foi fácil com a família dele, tanto é que o Gato até sugeriu que eu deveria procurar, hoje em dia, alguém pra dividir o meu peso. Tá certo... então vou tentar (e que a minha razão me ajude!) contar um pouco como era o meu relacionamento com a família do meu amor.

Primeiro, vamos nos situar: se ainda não ficou evidente, tínhamos uma diferença de idade, não tanto cronológica (nem 5 anos), mas de experiência de vida mesmo. Eu era independente desde os meus 18 anos e ele, quando o conheci (tinha 23) ainda dependente dos pais. E mesmo na aparência, no modo de vida, profissionalmente... não custa lembrar, eu fui o “chefe” dele na época do seu estágio. Mas, tem o “senão” maior: ele era negro. Eu, como já devem ter notado, um branquelo. (rsrs). Pra mim isso sempre foi o caminhão de cerejas do nosso maravilhoso bolo! Para a família dele...

A primeira vez que vi seus pais foi numa festa na empresa. Ele ainda era estagiário e me apresentou como seu “chefe” (odeio essa palavra!). E essa, a meu ver, foi a impressão que deve ter ficado sempre fixada para os pais dele. Um homem, aparentemente maduro (sempre pareci ter mais idade do que tinha) e ele, ao contrário, sempre aparentando menos. Mais do tipo frágil, delicado, conseguem entender? O primeiro contato foi bem formal, nem poderia ser diferente, pois não tínhamos ainda qualquer envolvimento além do profissional.

Depois veio a efetivação dele e o nosso relacionamento começou. Lembram disso? (Após um ano de paquera não declarada? rs). Ainda vou escrever um post da nossa “primeira vez”, aí sim quero ver se não vai ter chororô por aqui  (rsrsrs). Quando já estávamos juntos há quase 1 ano e iríamos viajar pela primeira vez, achei por bem que eu deveria conversar um pouco mais francamente com os pais dele. Que ilusão a minha! Foi só então que entendi porque sempre que eu falava pra ele sobre o assunto “família” ele fugia mais que o capeta da cruz!

Família bem simples. O pai era de pouquíssima conversa. Sério, carrancudo. A mãe, até que era mais acessível, mas religiosa ao extremo, católica, imagens de santos pela sala. Uma irmã mais velha, “tipo solteirona” (e que não casou mesmo, até onde eu sei), mas que foi a única que me deu algum apoio na “reta final” da nossa história. E um irmão menor, com toda a pinta de “não quero nada com a vida”, entendem? Nunca troquei mais que meia dúzia de palavras! Ou seja, ele era a pérola naquele mar de mesmices! E eu? Olha, só faltou o pai dele me dizer com todas as letras (isso muito tempo depois) que eu fui o responsável por ele ter “virado” gay! A onda era bem essa... mas, calma, coloquei o carro na frente dos bois. Voltando ao primeiro encontro formal na casa dos pais dele...

Peraí... antes preciso abrir um parênteses: um ano que, praticamente todos os fins de semana, ele ia para o meu apartamento na sexta à noite e voltava pra casa no domingo e, como tenho certeza, falando para os pais. Tanto é que muitas vezes a mãe dele ligava no meu telefone. Marcamos a viagem mais de 3 meses antes de sairmos de férias, e os pais sabiam. Pergunta: eles, os pais dele, pensavam o que? Que levávamos serviço pra casa, jogávamos xadrez, sei lá! (rsrs). Só pode, porque não dá pra entender a “surpresa” e o incômodo que foi quando falamos que iríamos viajar.

A mãe numa aflição que dava pena... o pai com cara de poucos amigos, falando o básico, subliminarmente não aprovando a tal viagem. Um belo clima para uma primeira reunião “em família”, não acham? Ah, e isso foi só o começo! Depois eu conto como foi quando resolvemos morar juntos, ou ainda como foi todo o lento processo da doença dele, a morte, o velório... melhor parar por aqui! Vou precisar de muito fôlego para remexer nessas questões.

domingo, 14 de julho de 2013

Um dia como esse

“Drinking in the morning sun
Blinking in the morning sun
Shaking off the heavy one
Heavy like a loaded gun...”

Não sei se vocês conhecem essa banda inglesa, Elbow. Quem não conhece, vale a pena pesquisar. Eu adoro! Era a banda preferida dele. E mesmo sabendo de certas armadilhas, que eu, sabia e meticulosamente, armo pra mim mesmo, passei a tarde ouvindo. Daí vocês podem imaginar! Um dia super lindo, ensolarado aqui em Sampa, um domingo com cara de passeio no parque, de descanso à sombra de alguma árvore, de um sorvete inesperado em pleno inverno, esse domingo transborda em meu rosto por lágrimas.

Não sei quem escreveu isso: que devemos entender a eternidade não como uma duração temporal infinita, mas sim como a “intemporalidade”. Se for assim, quando vivemos no presente, absorvendo tudo o que a vida nos oferece, aproveitando todas as probabilidades, por menores que sejam, então penso que podemos dizer que vivemos eternamente cada segundo de tempo de cada dia presente.

Esse vídeo, que eu acho a coisa mais linda, em termos de simplicidade e singeleza, consegue ilustrar bem, com essa música, o que eu não me sinto capaz de exprimir em palavras.

Boa semana pra todos vocês!

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Ainda não “voltei”

Se eu disser que to “que é só o pó da rabiola”, vocês entendem? Voticonta! Começo a acreditar (pois achar eu já achava) que to ficando um velho ranzinza (rsrs). Essa coisa de inferno astral é a mais pura verdade! E o meu tá se concentrando todo nessa semana. Tomara que tenha esgotado a cota!

Acabei de chegar, sabe de onde? Do trabalho! Isso aí! Miami-Cumbica-Empresa... pura e simplesmente! Entre hotel, aeroportos, voo, foram mais de 12 horas. E como foram necessárias alterações no projeto, que a anta (só falando isso!) prometeu pra segunda-feira, tivemos que ir direto pro trabalho! Amanhã, logo cedo, mais um pouco pra terminar. A anta no caso não sou eu, tá! Nem preciso dizer quem é! Só me dispus a ajudar porque os coitados dos dois engenheiros ficaram mais perdidos que cego em tiroteio. Enfim, isso é que dá ser solidário. O corpo padece enquanto a alma engrandece. Que bobagem isso!

Lição, até que previsível: a gente sabe quem é mais imbecil quando dois imbecis resolvem se fixar em detalhes (no fundo irrelevantes) e o imbecil menor esquece que o imbecil maior é que tem o “puder”! Quando a cabeça não pensa o corpo padece. Isso não é bobagem!  



domingo, 7 de julho de 2013

Yes, nós temos Miami

Dando uma passadinha rápida pra contar que chegay (rsrs). A viagem foi ótima, principalmente que minha poltrona estava a léguas de distância do diretor de engenharia. Com ele vieram mais dois engenheiros bem legais (mas que fiquei com pena) que se acomodaram bem na frente. E como a minha passagem foi marcada de última hora (viram como sei influenciar?! hehehe) fui pro fundão... adoro um fundão! Um deles até se dispôs (hum, hum) a trocar de lugar comigo. Mas eu jamais estragaria um papo todo corporativo assim, né!

Ontem fiquei “morgando” pelo hotel e redondezas. Hoje eles foram dar um role pelas praias. E, como eu tava com dor de cabeça (falsidade, esse é o meu nome! rsrsrs) fiquei por aqui e fiz um pequeno tour. Como eu já disse, Miami não me atrai! É uma cidade que tem o tipo de esnobismo que eu não curto. Se fosse Paris (ainda volto um dia... aquilo sim, é uma cidade pra gente curtir totalmente!) eu até me esforçaria pra contar pra vocês.

Miami é uma mistura de ricos e aposentados americanos, uma enorme quantidade de latino-americanos e... turistas ávidos por consumir! Eu fui até South Beach, que é a região mais badalada daqui, com uma grande quantidade de edifícios no estilo “art déco” (bem característico do início do século XX), passando pela Ocean Drive, onde estão localizados muitos bares, restaurantes e hotéis.

Depois... não resisti! Não que eu seja um consumista militante, mas eu tinha visto umas ofertas (adoro um “Off Sales” rsrsrs) e fui até o Bayside Marketplace, que é um shopping a céu aberto, localizado em Downtown Miami, próximo do porto. Não chega a ser um outlet, mas tem preços muito bons e, com certeza, mais de 200 lojas, a maioria das grifes mais conhecidas.

Só pra se ter uma ideia: comprei um 212 de 100 ml por U$ 50 (no Brasil é mais que o dobro disso!). Depois fui até a Calvin Klein: conjunto com 3 cuecas, daquelas clássicas (que todo gay que se preza tem! rsrs) por US$ 12, fora a pechincha de um CKin2U de 150 ml por U$ 30... impossível não comprar! Além do que sou um “perfumeiro” contumaz, sabe! Depois Gap, Guess, Nike... tudo com muita parcimônia! (rsrsrs). Ah, comprei uma câmera digital. Vou testar essa semana. As fotos que ilustram aqui não são minhas. Quem sabe no próximo post eu coloque uma foto minha e... espante vocês! (rsrsrs)

É isso. Amanhã começa o meu “pega pra capar”. Vou passar a maior parte do tempo “colado” no controller. Quem sabe eu não aprenda alguma coisa, né! Mais um detalhe: a última vez em que vim pra cá foi no final de 2011. Fiquei me analisando agora... eu to bem melhor! Naquela ocasião eu tava um bagaço, 6 meses que ele havia partido. Enfim, acho que estou conseguindo enxergar mais o sol dessa vez.

Fotos de South Beach e sua arquitetura peculiar... turistas, aposentados, a fauna toda e o Bayside.











quarta-feira, 3 de julho de 2013

Colhendo uma rosa num mar de cinza

Adenocarcinoma ductal (pâncreas). Foi depois da 3ª sessão de quimio, eu acho. Mal entramos em casa e ele correu pro banheiro. O vômito, agora viscoso, sem conteúdo que não uma gosma amarelada, com pontos rubros. Eu, estático ali na porta. “Que merda você faz aí olhando?!” Dai-me paciência, Senhor! E veio a diarreia, que ele não controlou. Bateu a porta na minha cara!

Quando ouvi o barulho do chuveiro, entrei, peguei suas roupas e fui pro tanque. Às vezes ainda consigo sentir aquela mistura de cheiros, excrescências... será que vou aguentar isso? Era só o começo. Intuitivamente eu sabia. Bem o começo! O que veio nos tempos seguintes... “Espera um pouco, esqueci de por as tolhas limpas!”

Chá de camomila. Dizem que é bom para o estômago. “Não to a fim de nada... tá quente isso!... que gosto horrível!... tem alguma geleia pra por na torrada?... porra! de morango?! detesto! não quero mais nada!”

Não quer ver TV, nada de música, a luz que incomoda, tá com frio (um baita calor, isso sim!). Cama. “Pega aquele edredom azul!” Era um edredom enorme, pesado, pra inverno polar! Deitei do lado dele. Eu iria suar aquela noite, com certeza. E o meu sono?

No escuro, sem tomar banho, com fome, só de cueca, ali, deitado do lado dele, enrolado no edredom, reunião importante logo cedo, passando da 1 da madrugada, ele dormindo na diagonal da cama, deixando pra mim o meu 1/3 do espaço que “me cabia”.

Ele tossiu, tossiu, tossiu. Virou-se. Recostou sua cabeça no meu peito. “Desculpe”. Então eu consegui dormir...

..................

Well, galerinha (rsrsrs). Como eu disse, embarco na sexta. Hoje marcaram uma reunião “final” (sabe aquela sensação que é um final com cara de tudo, menos de final?)... para começar às 18 horas! Belo horário, né?! E como os próximos dias ainda prometem, pode ser que eu não consiga mais aparecer por aqui até sexta. Vim dar um tchau. Se der tempo, enquanto eu estiver lá nas gringas leio e comento os posts de todos. Faz muito bem pra mim, podem ter certeza.

Abração

segunda-feira, 1 de julho de 2013

É o inferno astral ?

Ele chegou e eu nem percebi, o tal do inferno! Até que esse ano tá bem molezinha, pelo menos por enquanto. Se bem que, desde ontem, quando me lembrei disso, não para de chover aqui em Sampa. Deve ser uma nova modalidade, um inferno aquático. Hoje levei quase 1 hora pra chegar ao trabalho, ruas já alagadas pela manhã.

E foi logo cedo, numa reunião pra acertar os últimos ponteiros da apresentação do projeto de expansão de uma unidade fabril daqui, que irá acontecer nos States, que essa pessoa amável que vos escreve teve a “grata” notícia: irei junto com o pessoal da engenharia para a apresentação. Sinceramente, não to nem um pouco a fim! Primeiro que será em Miami (não me perguntem, mas não gosto dessa cidade!); segundo que o diretor de engenharia que vai é um cara chato “pacarai” (é assim que se escreve? rsrsrs)... e, como eu disse, é o meu inferno. Aborrecimento à vista.

Fora que é uma viagem praticamente de bate/volta: vou na sexta à noite (sacanas, né!), o que quer dizer que o sábado tá morto e o domingo... bem, detesto domingos. Segunda vamos conhecer uma nova planta que fica perto de Tampa, ou seja, um dia indo e vindo de carro. Terça, reuniões o dia todo. Quarta, a apresentação do projeto... com a tarde livre. Até sei o que eles chamam de livre: sair para algum restaurante com um bando de chatos, só que americanos! Quinta, mais reuniões, depois fechando a conta do hotel, pra embarcar de volta à noite. Programa total indígena... Funai garante!

Ah! Só pra constar: não gosto muito de avião! (rsrsrs) Oito horas trancafiado naquele charuto voador me dá uma certa agonia. Mas nada que uns whiskys não resolvam, né... ninguém é de ferro. Preciso agora “chalar” (sabem o que é? rsrsrs) urgentemente a gerente do RH pra ver se ela consegue marcar uma poltrona bem longe do diretor de engenharia! Sabem como é, os voos costumam estar bem lotados essa época do ano! Conseguirei! Ela me deve alguns favores. Nenhum de cunho sexual, tá! (rsrsrs). E que não foram por falta de tentativa... da parte dela, obviously!

PS: Eu nem devia contar pra vocês, que “caíram de pau” sobre a minha pessoa, esse ser tão meigo, delicado e generoso que vos escreve... ontem à noite o rapaz ligou! Isso mesmo: tomou coragem e arriscou ligar, ao invés de mandar mensagem. Querem saber? Foi um papo bem civilizado, honesto e “carinhosinho” (essa palavra é do Cocada! rsrsrs) Quem sabe o que futuro nos reserva, né...