terça-feira, 23 de dezembro de 2014

E...

E mais um ano se vai. Não sei por que, mas senti que 2014 passou muito rápido. Ao contrário, minha vida pessoal esteve hibernando. Nada aconteceu que mereça algum destaque. Tudo lento, tépido, modorrento. Apenas vivi para consolidar minha carreira profissional. Nisso sou/fui muito bom. Acredito que consegui. Nada além disso.

E a única coisa que posso notar é que, como um ciclo se fechando sobre si mesmo, os meus olhos foram os primeiros a me “falar” sobre a necessidade de um descanso. Digamos que eles “repicaram”... pela segunda vez! Talvez seja um aviso. Devo estar precisando de férias. Quem sabe Groenlândia, ou Patagônia, em contraposição ao calor de Sampa, que voltou a toda. Caso a se pensar!

E esse espaço. Que me envolveu durante tempos difíceis, durante minhas crises, angústias. Agora tão vazio. Ele é bem o meu reflexo. Reflexo de quem sou, de como vivo hoje. Escrevendo agora é como se eu não tivesse (não tenho!) mais intimidade com ele. Nem pessoas que pudessem, ou quisessem me ouvir.

Não estou muito bem... melhor ficar por aqui.


segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Missão Cumprida



Pra quem achava que a “coisa” estava mais pra missão impossível, até que me sai bem! Quase 20 dias pelas “Gringas”. Tensão, stress, um pouco de medo de arriscar (de certa forma, eu arrisquei muito... tá certo, um pouco menos, rs... sou um cara bem precavido!) e, em resumo, posso dizer que alcancei uns 90% do que eu esperava. Além do que acredito que estreitei ainda mais minha relação com o “grande chefe”. Já me sinto à vontade com ele.

Mas, não vou ficar aqui enchendo a paciência dos leitores que ainda resistem a esse blog praticamente bissexto. (rs) Hoje, de folga do trabalho (achei que eu merecia!) e antes de voltar para o mundo dos mortais lá da empresa (só imaginando a quantidade de pendências que me espera!), resolvi dar um alô pra vocês. Vou tentar, a partir de hoje, voltar ao ritmo normal de visita a todos vocês... sinto muita saudade de todos! E para não ficar apenas um post no estilo “hi, I'm here!”, deixa eu contar uma situação “tensa” que vivi lá em MIA.

Como eu disse, a minha relação com o boss está pra lá de ótima. Acredito que grande parte disso se deve a que temos estilos muito parecidos de encarar as coisas, tanto no lado profissional, quanto no pessoal. Somos sempre objetivos, diretos, nada de ficar “dourando a pílula”. Os assuntos e as decisões fluem com muito mais consistência. E, apesar da proximidade, não deixamos que nada interfira naquilo que deve ser feito, mesmo a contragosto de muitos.

Outra coisa que me aproximou ainda mais dele se deve à sua postura pessoal diante da minha. Explicando (rs): depois de muito pensar, mesmo porque nunca falamos abertamente sobre essa questão, cheguei à conclusão que ele conhece bem a minha vida pessoal. Estou me referindo à minha orientação sexual, ao meu envolvimento com o Zeca, tudo isso. E, mesmo ele sendo de outra geração (ele tem mais de 60 anos), isso não interfere absolutamente em nada na maneira como me trata, na forma como confia em mim. Tudo bem que nunca fui de esconder o meu relacionamento de ninguém da empresa, apesar de também nunca me expor no ambiente profissional, mesmo o Zeca trabalhando lá. Penso que não devemos misturar vida pessoal com profissional, independente de ser hetero, homo. Em resumo, existe um belo respeito mútuo entre a gente.

E foi justamente por isso que “pintou” a tal situação tensa. Ele tem 3 filhos... eu já conhecia os dois que moram com ele e faltava conhecer o mais velho (deve estar beirando os 30 anos), que está fazendo doutorado na Inglaterra. Em economia... Solteiro... Estão começando a entender? (rs) E não é que o boss vivia falando do rapaz! Que gostaria de me apresentar (pelo fato de ser economista?) que nos daríamos bem, que certamente teríamos muito sobre o que conversar... Essa insistência no assunto começou a aguçar (eu tenho uma mente tão imaginativa! rs) uma dúvida: não sei se acontece com vocês, comigo já aconteceu algumas vezes... sabe aquele tipo de pessoa que quer “dar uma de cupido”? A pessoa sabe que você está “solto” no mundo, conhece seus “gostos” (rs), então resolve te apresentar alguém... especial! Pra mim isso é tenebroso, pra dizer o mínimo! As vezes em que isso aconteceu, tudo acabou em puro estado de tensão e saia justa!

E virava e mexia e lá vinha ele com o papo sobre o filho... que (coincidência?) viria passar uns dias em MIA. Santo Deus! Isso não vai dar certo! (rs) Até que, não teve jeito, chegou o mancebo. Na hora em que fomos apresentados... quase cai da poltrona! É um “alemão”... mais alemão que eu (rs), mais alto (deve ter mais de 1.90 de altura), mais “fortão”... eu, coitado, como é público e notório, prefiro os moreninhos, me afundando na poltrona. Oh vida! Como me saio dessa?!

Foi quando, eu já começando a pensar em fazer alguma promessa a algum santo de causas difíceis e complicadas (rs), não é que surge a notícia mais alvissareira de todos os tempos! Ele pretende se casar com uma linda inglesinha (linda é por minha conta, certo! que a moçoila é feia que dói! rs) no final desse ano! E foi assim que me vi livre, leve e solto novamente. O que faz a nossa imaginação criativa, né!

E como entre mortos e feridos salvaram-se todos, voltamos à nossa programação normal...



domingo, 12 de outubro de 2014

Mal cheguei...



Como previsto, um mês e pouco e já foram 2 viagens. Voltei ontem. Eu teria ainda mais uns dias para terminar a revisão completa do planejamento, mas, talvez pela saudade daqui e de algumas pendências, antecipei alguns dias. O que implicará em nova viagem no final dessa semana. Inaugurada com toda pompa e circunstância minha ponte aérea! (rs) Como cansa!

Um amigo comentou que, por mais que eu me sinta cansado, o fato de eu estar batalhando nesse momento crucial da minha carreira profissional anda me fazendo muito bem. Pode até ser, mas, não dava pra suavizar um pouquinho as cobranças? Tudo bem que, aparentemente, estou ganhando o respeito por parte da “velha guarda da Portela” (rs)... e eles acreditaram que eu seria um osso fácil de roer! Será que não entenderam que essa é a minha jogada “máster”? Ou me afirmo de vez, ou entrego os pontos. Quem me conhece...

Pensando aqui... não tenho novidade alguma sobre minha vida pessoal. No futuro, quando rememorar essa fase da minha vida, acho que restará um “buraco” existencial, repleto de dias e noites em que meu pensamento girava em torno de um assunto apenas. Será que ainda me arrependerei disso? Melhor deixar para pensar nisso depois...

Pra não perder o costume... “vai uma musiquinha que eu ouvi outro dia” lá nas Gringas... Luke Sital-Singh. Alguém conhece? Gostei por demais!


sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Ponte Aérea e Outras Pontes



Do jeito que as coisas estão caminhando por aqui, em breve inaugurarei uma ponte aérea GRU-MIA. Depois de uns 10 dias de intensa discussão sobre o novo organograma da empresa, que será posto em prática a partir da próxima segunda-feira, dentre algumas modificações que se faziam necessárias, eu passo a me reportar apenas ao “big boss” lá da matriz. Lado positivo: assumo efetivamente a clássica posição de controller. Lado negativo: se deixo de ser “cachorro de 2 donos”, passaremos, no entanto, a ter 2 linhas de comando dentro da empresa... uma operacional, via vice-presidência administrativa e outra, financeira, via essa pessoa que vos escreve! (rs). Só o tempo irá dizer se isso irá resultar em conflitos insuperáveis. Espero que não!

Ontem fiz uma nova visita a meu “japa” predileto... aparentemente tudo está nos “conformes” em relação aos meus olhos. Continuando em estágio de observações, o que implica em que ainda farei mais visitas ao senhor de olhos puxados, cujo passatempo comigo é fazer os meus ficarem cada vez mais “arregalados”... seria sádico, se não fosse científico! (rs) E como tudo tem seu lado positivo, nesse caso, sempre que faço uma dessas visitinhas, acabo ficando (forçosamente, mas com gosto!) de molho no dia seguinte. E aqui estou, pensando em como tudo será a partir de segunda...

Um dos meus amigos, comentando sobre esse assunto do novo esquema do trabalho, disse que, sejam quais forem as consequências, eu terei, de fato mais poder... muito poder, segundo ele! Tenho pensado muito nisso e, sinceramente, não sei se é bom. Não sou o tipo de pessoa que acredita existir bons e maus atos, boas e más pessoas. Tudo sempre depende das circunstâncias, do contexto em que as coisas acontecem. Mesmo o senso de justiça, que é um dos ideais que prezo muito, não deixa de ter sua parcela de relatividade. Sendo assim, pensando assim, sei que ter mais poder me obrigará a ficar muito mais atento ao que faço e decido, pois, se eu proceder de forma inadequada, mais pessoas sentirão as consequências dessa minha ação. É isso que não sei se gosto (e que me incomoda!)... ou mesmo, se serei capaz de exercer esse poder o mais suave e criteriosamente possível.

Outro fato que esse amigo salientou (e que já estou começando a perceber, mesmo que eu já imaginasse que fosse acontecer), refere-se à mudança de postura das pessoas em relação a mim. Alguns, que antes eram mais distantes, ou não se davam ao trabalho de serem próximos, começam a tentar se aproximar. Interesse? Muito provavelmente... E outros, ao contrário, que eram mais “chegados”, tendem a ficar um pouco mais distantes. Receosos? Muito provavelmente. Penso que tenho que tomar mais cuidado com os primeiros, os “amigos de primeira hora” (especialmente quando essa primeira hora coincide com o meu ganho de poder), que podem ansiar por participar desse meu poder. Evito, por enquanto, usar o conceito exato, sob o qual muitos se encaixariam... “puxa-saco” é muito agressivo, concordam? (rs)

Em relação aos segundos, que sempre agiram comigo, desde sempre, do mesmo modo, com o mesmo respeito e que agora, talvez por mais respeito ainda, tendem a se afastar, demonstrando que me dão “espaço”, a esses espero dar mais valor ainda! Se já os admirava por deverem lealdade a mim, nas boas e nem tão boas horas, não será agora que os decepcionarei. Na verdade, será neles que pensarei, duzentas vezes se for necessário, antes de fazer qualquer coisa que os prejudique.

Como equilibrar tudo isso? Que pontes devem ser conservadas e quais deverão (se inexorável for) ser detonadas? O poder tem um certo gosto amargo...

domingo, 17 de agosto de 2014

Tempo Que Voa

Acredito que todos nós já pensamos (ou sentimos) que o tempo que vivenciamos hoje é muito mais rápido que o tempo de nossa infância. Um amigo, que é psicólogo, certa vez explicou que isso, essa sensação (que, por vezes, se atribui exclusivamente à velocidade atual da tecnologia e da informação) se deve muito mais à transformação de nossas vidas numa sequência de hábitos cotidianos. Desse ponto de vista, o hábito (tudo o que fazemos, quase de forma automática... acordar, tomar banho, café da manhã, ir pro trabalho, etc.) tende a enfraquecer o nosso “senso do tempo”. Agimos, como ele falou, em um nível de “sonolência” (que eu interpretei como quase inconsciência dos fatos), muito diferente de quando éramos crianças e o mundo, ou ao menos praticamente quase tudo no mundo, constituía uma novidade, experiências novas.

De onde se pode concluir que, uma intercalação de “novos hábitos”em nossas rotinas seria uma forma de manter nossas vidas com mais “vivacidade”, um meio de refrescar a nossa sensação de tempo, de obter um rejuvenescimento, e com isso, a revolução da nossa sensação da vida em geral. Olha, concordo absolutamente com tudo isso! Especialmente porque, nesse período da minha vida, quando finalmente vou pra cama no final do dia, tenho a nítida sensação que acabei de acordar há menos de 1 hora! (rs) É inevitável que se pense: afinal, de que vale tudo isso?

O meu único consolo (se é que posso chamar assim) é que, como estou cansado demais desses dias de mais de 12 horas de trabalho, nem sofro tanto por sentir o vazio em que se transformou meu quarto e minha cama. Então, quando, ao deitar, sinto a falta imensa de um corpo conhecido ao lado do meu... um cheiro conhecido (que não o meu), uma voz suave (que não a minha), a sussurrar “bons sonhos!”, voz que vem de uma boca próxima, tão próxima que se consegue sentir o hálito... quando essa falta, essa ausência irreparável, ameaça tomar conta de tudo, rapidamente adormeço.

Por que mesmo estou vivendo assim? Sinceramente, não sei! Sei apenas que, construir um lindo pomar, sem ter com quem repartir as frutas, acaba por aprofundar o sem sentido que há muito tempo me envolve por inteiro...

“Did you see the light in my heart?
Did you see the sweat on my brow?
Did you see the fear in my heart?
Did you see me bleeding out?”


domingo, 10 de agosto de 2014

Cachorro de Dois Donos



E não é que voltei! Pra quem iria ficar uma semana e ficou três, até que passou bem rápido. Bem provável que foram os 20 dias mais emocionantes da minha vida profissional! (rs) Sem brincadeira... foram dias bem difíceis, um verdadeiro exercício de paciência, negociações, jogos de força e poder. E cujo resultado, sendo bem sincero, ainda não consegui entender de todo. Eu já havia participado de algumas reestruturações organizacionais, mas, como essa, eu nunca vi! O resultado deixa muitas perguntas no ar... e não sei se isso é bom.

Breve resumo: houve um “achatamento” da estrutura, com o fim das diretorias e gerências gerais. Aparentemente isso demonstraria um organograma mais enxuto. Três vice-presidências (administrativa, operacional e de desenvolvimento) e vários coordenadores de área, sendo alguns “super” coordenadores (funcionarão como gerentes? boa pergunta! rs). E todos respondendo direto às vice-presidências. Não sei como será na prática. A área operacional, por exemplo, terá dez coordenadores. Acho demais, em termos de “report”! A pérola (a meu ver) é que todos os “vices” responderão ao presidente: um “gringo”, alocado na matriz, em Miami. Provavelmente isso gerará confusão, apesar de todos os “meios eletrônicos” de comunicação. Qual o sentido disso? Não faço ideia! (rs) É pagar pra ver...

E eu, como fiquei nisso tudo? Posso dizer que sou um “quase-controller” (rs). Ganhei algumas áreas (contábil/fiscal e tesouraria) e também terei mais coordenadores, além de um “gringo” (isso mesmo! um carinha da matriz vem para assumir a área de planejamento orçamentário... meio desalentador para o meu supervisor, aliás, meu braço direito!). Também tenho a minha “pérola”: responderei hierarquicamente ao vice-presidente administrativo e, funcionalmente, ao presidente da matriz. Daí o título do post... será que vou morrer de fome? (rs)

Sinceramente, avalio esse “embrulho” como algo transitório. Não consigo imaginar como isso pode dar certo. O meu caso, por exemplo, é bem estranho, pra dizer o mínimo. Se bem que, se for um modelo de transição e caminharmos para um certo cenário... melhor não divagar! Aliás, acabei de escrever o post mais chato da história do blog, certamente! (rs) Obrigado pela paciência a quem chegou até essa linha!

Voltando agora à minha programação normal... e que Deus me ajude!

Ah, voltei um ano mais velho! (rs) Vida que segue...



quarta-feira, 16 de julho de 2014

Bye Bye Brasil

Mais de mês sem dar as caras por aqui (e também nos blogs dos meus amigos) e quando venho é pra dizer que... estou de partida! Sexta-feira tomarei o rumo de Gringolândia, the promised land (segundo muita gente, menos pro e mais a segunda parte, rs).

Desde o começo de junho tenho trabalhado como nunca na minha vida! Se existe algum tipo de conspiração universal, com a mais absoluta certeza eu tive um exemplo por aqui. Em primeiro lugar, grande parte de trabalhos importantes foram antecipados pela matriz. Um projeto de expansão e, principalmente, o orçamento anual, previstos originalmente para o início de setembro, tiveram seus prazos remarcados para... a próxima semana! Até aí, o que são 45 dias de redução de prazo? Entretanto (quando existe conspiração, os “entretantos” costumam ser são fatais! rs), agreguemos a isso alguns fatores tais como: uma Copa e seus feriados forçados, meios períodos de trabalho, etc.; um supervisor que se adoenta gravemente; um funcionário importante que (extrema ousadia! rs) resolve se casar (tudo bem que havia marcado há um ano... tudo bem que nem teve lua de mel)... é, ou não é o caos?!

Entre mortos e feridos, entretanto (rs), salvaram-se todos. Menos mal. Um ponto a se destacar: durante esse inferno ao cubo eu, acordando todo dia às 5:30 da manhã e voltando pra casa nunca antes das 22:00 horas, me alimentando aos trancos e barrancos, levando serviço pra casa (como são doces os fins de semana!)... eu, nunca me senti tão bem! Assim como não me lembro de ter vivido um período de trabalho tão conturbado antes, também não me recordo, ao menos nesses últimos anos, de me sentir tão bem, física e emocionalmente. Será que é algum tipo de “compensação”? Começo a acreditar que sim.

Mais um detalhe: nunca fui uma pessoa de sexto sentido... e não é que “uma voz me diz” que algo de muito estranho paira no ar! Alguns sinais aqui, outros ali. Na terça-feira, o diretor que iria comigo pras “Gringas”, do nada, me disse que vou sozinho. Vou apresentar o budget sozinho. Vou defender o projeto sozinho. Ninguém da engenharia. Estranho, muito estranho... Como estou? Otimamente bem! Só espero que o universo não esteja me reservando (como uma espécie de coroamento) uma rasteira universal! Querem saber? Tô nem aí! (rsrsrs)

Musiquinha pra combinar com o clima...

domingo, 1 de junho de 2014

01 de junho de 2014

Ouvi dizer que a esperança é um fruto da paciência. Houve um tempo em que eu simplesmente não suportava os esquemas da espera. Grande parte da minha vida eu passei “forçando” os acontecimentos, como se a minha força pudesse se contrapor à da natureza. Parece evidente que um dia até essas revoltas se esgotam. Resta, então, abdicar. Dizem que isso é sinal de lucidez. Dizem... só espero que esse “ser lúcido” não crie em mim a incapacidade de amar novamente...

E junho já chegou. Não sei se é impressão minha, mas ando sentindo um ar tão carregado por aqui. Tem essa Copa sem entusiasmo, tem a iminência de um racionamento sério de água, tem as eleições, um clima muito estranho. Bem, mas a vida continua. Pode ser que até o final do mês eu tenha que (coisa chata, né!... rs) viajar novamente pras “Gringas”. No que depender de mim, já estou com o passaporte na mão!

Música para uma tarde de domingo, sol “meia boca”, ameaçando chover...

domingo, 25 de maio de 2014

3 Anos



Amar é função do coração. Sei que isso não tem fundamento algum na “realidade”, que é tolice, que nada, nenhuma sensação, nenhum sinal manifestado quando se ama, jamais poderia indicar a participação ativa desse músculo que bate, tresloucadamente, durante nossa vida. Mas, perguntem a quem ama, ou já amou! Eu, na minha usual racionalidade, já me questionei sem encontrar alguma explicação. Talvez pelo fato de que o amor não é matéria de entendimento. Talvez nem de sentimento! Amor, eu penso, vai além de tudo o que conseguimos entender e sentir.

Lembro-me de nossos abraços. Naqueles momentos em que nos entrelaçávamos, era como se o coração de um pulasse pra dentro do peito do outro. E mesmo que um estivesse triste, ou cansado, ou desanimado, bastava um abraço longo e entregar o coração pra ser apaziguado pelo outro, que, em instantes, ambos já pulsavam num mesmo ritmo, numa mesma sintonia amorosa. E isso não se entende! Ou se vive, ou simplesmente não faz sentido algum. Quantas vezes eu disse a ele “hoje sou eu que preciso que o seu coração pegue o meu no colo!” Quantas vezes ele me disse “amor, pede pro seu coração falar para o meu que amanhã isso vai passar...”

O coração não sabe da morte. Ele apenas sente a ausência do outro coração que (ele não entende!) não está mais perto. A morte é função da consciência. A consciência sabe da morte, da absurda ruptura que ela representa. Ela sabe, ela entende. Mas, o que ela não sabe é como contar isso para o coração! A consciência não fala a linguagem do coração. Então, afastado do outro coração que ele tanto amava, ele se sente perdido. Talvez culpado, acreditando que cometeu algum erro e que isso afastou dele o outro coração. É tão difícil, em todas as noites que sucedem à morte, ouvir, bem baixinho, o choro quase imperceptível de um coração que não entende que o outro, o que se foi, jamais voltará!

Quando morre um amigo, um pai, um irmão, a vida continua natural, com uma dor que vive apenas na consciência de quem ficou. Sofre-se, dói, confunde-se os caminhos, mas é o tipo de sofrimento que se entende. Vive-se um luto que é possível tornar racional. A vida perde algumas cores, algumas tonalidades, mas o coração continua respirando. Quando o amor morre, o que fica é um coração solto, desavisado do que fazer pra recuperar o coração que morreu...

PS: Essa semana eu quis tanto me lembrar das últimas palavras dele! Tenho certeza que não foram os pedidos para que eu tomasse cuidado por estar dirigindo feito um louco em direção ao hospital. Depois de parar o carro, de passar a sua tosse, lembro que ele recostou a cabeça em meu ombro. Na hora em que chegamos, antes de o levarem na maca, ele falou alguma coisa. Meu Deus, não consigo lembrar! Será que o coração dele falou tão direto ao meu que, perdido no meu desespero, ele não conseguiu ouvir? (Semana difícil, com essa música grudada em mim!)

domingo, 18 de maio de 2014

E lá se foi um ano!



Foi num domingo, como hoje, há um ano, num impulso eu escrevi o primeiro post. E como hoje, eu estava sozinho, precisando desabafar. Maio não é um mês muito fácil. Ao menos nos últimos 3 anos não tem sido!

Relendo o que escrevi há um ano por aqui... será que, de alguma forma, eu mudei um pouco? Os meus amigos dizem que sim. Não sei precisar em que aspecto. Talvez hoje eu sinta uma paz interna maior. Apesar de doer muito ainda, parece que é uma dor mais resignada. Eu devo estar mais compassivo comigo mesmo.

Agradeço muito a todos que passaram por aqui durante esse tempo. Tenham certeza que, se aconteceu alguma mudança em mim, muito se deve a todas as palavras de carinho que sempre me dirigiram. Como eu até já escrevi, eu tenho muita sorte. Sempre tive e tenho bons amigos. E vivi intensamente um grande amor, que será eterno, mesmo depois do dia em que terminar meu estágio por essas bandas terrenas.

Uma música que ele gostava muito, da banda preferida dele.


domingo, 27 de abril de 2014

Dois em Um



Fechado Pra Balanço

A verdade nem sempre (ou nunca?) é o caminho mais fácil. Com certeza é o mais curto! Foi com esse pensamento que conversei ontem com o Claudio. Qual verdade? Simples: 3 anos após o Zeca “ir embora” ainda não estou, nem me sinto preparado, para um relacionamento além de amizade. Não, não estou de luto. Não quero mais morrer, como há 2 anos. Nem vejo a minha vida como totalmente sem sentidos e objetivos. Mas isso não quer dizer que eu esteja pronto para me envolver afetivamente.

Sei que muitos de vocês devem achar que eu exagero nas proporções do que eu vivi. Que eu posso estar fantasiando hoje sobre fatos com cargas emocionais mais comuns, ou simples. Sinceramente, não é assim! Eu sou, sempre fui, um cara muito racional e pragmático. Acreditem (mesmo que não seja pressuposto ou necessário), não é nada fácil tentar recomeçar um caminho, um novo caminho, depois de ter trilhado esse que tivemos.

Não sou ingênuo a ponto de acreditar que pro Claudio foi fácil de entender. E, vejam, ele viveu a meu lado, todos os bons e maus momentos da minha história com o Zeca. Mais ainda, a gente se conhece desde muito antes dessa história começar. E mesmo ele só resolveu investir numa tentativa de relacionamento comigo por acreditar que eu estava preparado. Será que agora, depois de toda a nossa conversa, ele consegue me entender nesse ponto? Não sei.

Semana que vem começa maio. Um mês muito difícil pra mim. Eu acreditava que esse ano seria diferente. Pelo andar da carruagem (rs) parece que não será! Tomara que eu esteja errado.



De tudo o que tivemos na vida (parte 4)

Acho que foi uns 15 dias após o nosso primeiro beijo.

Um ano trocando olhares, um ano de palavras que sempre diziam mais do que era dito. Um ano estando perto, tão perto que as mãos se tocavam, que os hálitos chegavam a se misturar. E, de repente, veio a urgência! Nossos corpos pediam! Nossos corpos precisavam... era vital, era sufocantemente vital! Estávamos sentados no sofá da sala. E nos abraçamos.

Poucas vezes, em todos os anos em que estivemos juntos, falamos tão pouco. Só queríamos explorar nossas peles. A maciez, a textura, as ondulações. Os cheiros. Era o domínio instintivo da paixão e do tesão. Dos latejamentos, da circulação do sangue, dos gemidos, dos devoramentos! Sede. Como nos livramos das roupas? Não sei...

Nossas  mãos, nossas portas, nossas chaves, nossos segredos, nossas devassidões... eu quero você pra mim! Eu quero te proteger! Eu quero a sua felicidade, lamber a sua felicidade. Eu quero o seu gosto, a sua língua, a sua saliva. O mundo, o universo, o infinito... está tudo aqui. Dá pra sentir? Não precisa ter medo. Esquece tudo. Esquece o tempo. Esquece quem fomos. Quem fomos? Quem somos?

Éramos o fogo. E eu o penetrei. Éramos nuvens, rompendo no espaço. Espraiando-nos pelo chão, éramos a fulguração dos rompimentos. Ele me penetrou. Verso e reverso de tudo. Desvario, sofreguidão, ativação completa da vida, do pulso, dos arquejos. E de novo era eu me apossando. E ele, mais uma vez. Quantas vezes? Não lembro...

E descobrimos ali, naquela noite, naquele espaço, naquele tempo, que o amor morre. Morre no gozo que suspende a vida por uns instantes. Morre nos gemidos dilacerantes que precedem o gozo. Morre quando, cessando a respiração, uma paz absurdamente imensurável toma conta de tudo. Morre e se dispersa na úmida viscosidade em que resultamos.

E nossos olhos, então, se penetraram mutuamente. E eu me via nos olhos dele. E ele se via nos meus olhos. Sincronia inexplicável pela razão e pelos sentidos, dissemos: eu te amo! Foi o que bastou para que o amor renascido, muito mais forte, tão forte quanto a voz de Deus, se transmutasse em sol que iluminaria nossas vidas para sempre.


segunda-feira, 21 de abril de 2014

Não Adianta Adiar

Como dizia minha mãe, há muito tempo (sinto tanta falta!), quando temos algo importante a resolver, de nada adianta ficar adiando! Acho que a frase era: não adianta adiar! Mais cedo ou mais tarde, forçosamente temos que “encarar” o boi bravo! E que, no meu caso, está mais pra boi sentimental. Provavelmente terei que me municiar da maior racionalidade possível.

Nem vou me estender muito, mesmo porque não estou inspirado hoje. O problema... melhor usar outra palavra... o dilema... bem, não importa a palavra, estou me referindo ao meu amigo Claudio. Bem sucintamente: no último sábado, numa reunião com amigos aqui no meu ap, ele “se excedeu” no campo etílico da vida. E, como ele é mais fraco que eu... Pelo menos não deu vexame! Entretanto (parece que o álcool abre algumas “portas da verdade”, dentre outras coisas) além do trabalho extra de babá de marmanjo, me vi, de certa forma, “sinucado”.

Não sei reagir a pessoas quando estão tristes a ponto de chorarem. Fico totalmente sem ação! E foi o que aconteceu, alta madrugada. Óbvio que ele se “abriu”. Mais óbvio ainda, que não foi surpresa pra mim! Logo, era uma daquelas situações “esperadas”. E que, não sei quantas vezes, fugi dela! Como ele não estava em seu juízo perfeito (rs)... ou será que estava?... fui apenas o ombro amigo, o ombro que acolhe. Naturalmente é questão de dias o fato inexorável (rs) que teremos que discutir sobre o assunto. De preferência, ambos lúcidos, racionais e ponderados.

Assim espero! E que Deus seja louvado!


sábado, 12 de abril de 2014

Individualidade e Padrão

Eu me considero uma pessoa mais auditiva do que visual. Gosto demais de um bom papo, especialmente entre amigos. Gosto demais de música. Aliás, sempre que não tenho algum trabalho que exija concentração e foco, com certeza estou ouvindo música. Nunca fui muito de “curtir” filmes. Quando ia ao cinema (com o Zeca, ou com amigos), a melhor parte sempre eram os comentários que aconteciam após a sessão. De preferência num barzinho ou restaurante. (rs)

Tenho poucas fotos, apesar de já ter viajado para muitos lugares lindíssimos. Sempre preferi curtir integralmente as viagens, os passeios, sem a preocupação de registrar alguma imagem para “ver depois”. E isso sempre era motivo de algumas brigas, entre mim e o Zeca (rs). Sempre achei que essa necessidade de “captar” um momento, de certa forma tentando “aprisionar” sua beleza, ou felicidade, muitas vezes acaba desviando o nosso olhar real e presente daquilo que se pretende preservar para o futuro. Seria como se preocupar com aquilo que lembraremos no futuro e não aproveitar, efetivamente, todas as possibilidades do presente. Será que estou explicando direito o que penso? (rs) Na verdade essa crítica eu sempre dirijo às pessoas que se preocupam demais com fotos ou vídeos, sendo que isso, a meu ver, atrapalha demais justamente o que se quer vivenciar de tudo o que se registra.

Ontem, como eu estava “de molho” (na quinta-feira, outra sessão/tortura de laser), enquanto deixava o tempo fluir, ouvindo minhas músicas, esparramado sobre o sofá (rs), fiquei pensando em como somos peculiares e únicos nesse mundo. Cada um de nós é um ser tão diverso dos outros, tão singulares enquanto experiências de vida! E, mesmo nessa diversidade fascinante, procuramos sempre um outro para caminhar a nosso lado. E nada dessa coisa de “metade da laranja”... quer coisa mais bonita do que uma laranja de mãos dadas com uma maçã? (rs)

Eu estava tão concentrado nos meus pensamentos, que nem percebi que o Claudio (aquele meu “querido amigo”, que inclusive tem a chave do meu AP... rs) havia chegado e estava de pé ao meu lado. “Tá alegre hoje! Bom isso!”, ele exclamou. Pensei: como será que ele conseguiu perceber, sem ao menos ter conversado comigo, sem que houvesse a menor troca de mensagens entre a gente? Contei a ele sobre os meus pensamentos soltos e ele me veio com algo mais ou menos assim: “Por mais livres, espontâneos, criativos, singulares que sejamos, acho que todos nós temos padrões de comportamento. São características marcantes do modo de ser da gente. São como sinais e, para quem nos conhece, a percepção de algum desses sinais, já demonstra o nosso estado de espírito naquele momento.”

Achei muito interessante o que ele disse. Eu pensando na individualidade e ele abordando sobre padrões. Porém, não sobre o conceito usual de padrão, que tenderia a anular a individualidade... mas sim o padrão que, através de sinais, faz com que reconheçamos um determinado momento de uma individualidade. Então, indaguei sobre qual havia sido o primeiro sinal que ele detectou e que o levou a crer que eu estava mais “alegrinho”. Ele respondeu: “Fácil... você não estava ouvindo Guillemots!” (rsrsrs). É, ele me conhece...

Só pra constar: eu ouvia Marble Sounds... adoro essa banda! Especialmente essa música...


domingo, 6 de abril de 2014

Medo e Esperança



O dia hoje está lindo por aqui! As cores do outono sempre me atraem. São mais vivas, iluminadas por um sol brilhante, que aquece, mas não queima. Primeira coisa que fiz ao acordar: fui espiar pela janela. E a luz não me incomodou! Parece uma coisa boba. Porém, só eu sei o quanto é bom sair, um pouco que seja, da penumbra dos últimos dias. O domingo amanheceu com jeito de passeio no parque...

Ando mais prudente (rs). Talvez tenha a ver com a tal “luzinha no final do túnel” (e que espero não seja a de um trem desembestado... rs) e, pra ter esperança, mesmo que sem muito fundamento, acabo “ligando” o meu modo prudente de ser. É um bom progresso, não acham? Começo a temperar os meus medos com a esperança, é isso! Uma pitada aqui, um filete ali, cozinhando em fogo lento. É como estabelecer um novo equilíbrio entre o temor e a esperança. Nessas horas até a minha usual impulsividade parece se amainar. Bem interessante isso!

Enquanto comia um belo “cachorro quente”, em plena 11 horas da manhã (nossa! que saudades de fazer isso!) resolvi (rs) que não mais me deixarei torturar com o futuro. Só me falta agora pensar um pouco como agir da mesma forma com o passado. Viver feliz com o presente, deixando de antecipar as angústias futuras. Primeiro passo de uma longa, longa jornada...

Ah, mais um benefício do sol de hoje... até consegui ouvir essa música sem chorar! (rs)


sábado, 29 de março de 2014

Medo e Memória

Dois pensamentos, na verdade divagações, que tomaram conta de mim esses dias. O primeiro: cheguei à conclusão que tenho medo de algumas coisas. E, por paradoxal que seja, não se trata de algum medo ligado à morte. Não tenho medo de morrer. Talvez eu tenha medo de viver...

Um amigo me disse que eu tenho medo que o passado (e toda a maravilhosa experiência que vivi junto ao Zeca) não possa ser revivido, em qualquer nova experiência futura. Seria essa certeza a fonte do meu medo de, ao menos, procurar, ou tentar. Acho que ele tem razão. Não totalmente, pois sei que cada vivência é única e não faria sentido eu procurar um “algo novo” que fosse como uma cópia, ou reedição da vivência que se foi.

Sei que estou passando por alguns momentos particularmente incertos. Toda essa “novela” relativa ao problema nos meus olhos tem me consumido mais do que o aceitável. Esse pode ser um dos fatores que agudizam a sensação de medo que persiste. Porém, sejam quais forem as explicações, não sei como lidar com esse medo. Esse amigo me disse: simples, basta “se jogar”... ou, como outros também já disseram, “se permitir”. É tão simples de se falar ou ouvir! O problema, no entanto, é: como agir?

O outro pensamento girou em torno do tema “memórias”. O quanto do conteúdo das memórias que trago em mim, de certa forma, não permite que eu avance. Mais dúvidas! Grande parte das boas memórias que tenho, eu as sinto “fora de mim”. Quantas vezes o ar carregado de chuva, o cheiro de um perfume, a cor de uma determinada camisa, uma música... quantos detalhes do cotidiano tem esse poder incrível de me remeter de volta ao passado! Tudo parece como um “estoque armazenado de passado” e, mesmo que eu não esteja pensando, mesmo que esgotado até fisicamente pelas correrias do dia, basta um halo perceptivo desse gênero e... pronto, tudo retorna com uma força imensa! Será possível lutar contra isso?

Não sei onde li - deve ter sido em alguma dessas mensagens que recebemos por email (e que, a maioria, eu detesto... rs) - dizia mais ou menos assim: Quando agimos para compreender as raízes do medo, desde o seu veio central até o seu último filamento, é como se esse medo fosse reeditado. A partir daí podemos acrescentar novas experiências às janelas da memória e, onde antes havia medo, brotará a coragem de seguir. Muito lindo! Faltou anexar o manual de procedimentos! (rs)

“We found a place to which we drive
And I offer you the time
To sleep, to dream
To wake up when we arrive”


sexta-feira, 21 de março de 2014

Eu Fui

Mais de um mês que não apareço por aqui. Alguns dias me indaguei por que. Não obtive resposta, ao menos que fosse razoável. Hoje ao tentar escrever alguma coisa, tenho uma estranha sensação: a de quem se mudou há muito tempo e, ao voltar, não reconhece mais a casa, os vizinhos, os amigos. Sei, no entanto, que isso é apenas o meu reflexo a impregnar esse espaço. A razão pode ser que, na maioria das vezes, sempre escrevi sobre o passado e agora o meu presente, amornado e estagnado, não consegue mais me inspirar. Triste constatação, embora verdadeira.

Como estou? Hoje, mais de seis meses de tratamento dos meus olhos, aventou-se a hipótese da necessidade de uma cirurgia. Nem sei o que senti ao ouvir isso. Talvez a minha paciência tenha chegado num ponto de tão grande esgarçamento que, não senti nada! Acho que entre meus medos não cabe mais um, deve ser isso. Então fico assim, meio resignado, meio sem saber o que fazer. E a vida corre. Não vou falar mais sobre isso, que já deu!



Muita saudade!

Eu fui sua casa, a segurança da sua casa e, em troca, você me deu um destino.
Eu fui a fruta que você comia e, em troca, você me deu a água com que saciava a minha sede.
Eu fui o seu riso e o seu choro e, em troca, você foi a lareira que aquecia as minhas noites frias.
Eu fui o seu pensamento e a sua recordação e, em troca, você me dava a boca que eu beijava.
Eu fui as noites e os latidos dos cães noturnos e, em troca, você foi o peito em que eu me aninhava.
Eu fui a sua coragem e a sua covardia e, em troca, você me dava a força de seguir em frente.
Eu fui a sua música e o seu poema e, em troca, você foi as flores que hoje não estão mais sobre a mesa...

Eu fui tanta coisa... hoje sou quase nada.

PS: Também não escreverei mais sobre esse assunto.


domingo, 16 de fevereiro de 2014

O que vim fazer aqui?



Deve ser pelo cansaço. Ao menos espero que sim. Foi difícil chegar até aqui? Foi! Uma semana sem muito tempo pra respirar. Horas dos aeroportos, dos aviões... horas de entrada e saída de hotéis, horas de trabalho... horas de reuniões. Infindáveis! E foi assim que cheguei, 0 grau, neve, o inverno, senhor de tudo e de todos.

No meio da tarde, veio a ideia brilhante: sabe “aquele” café?! Qual? Aquele... e nem era inverno, nem tinha neve e as pessoas sorriam nas ruas. Eu sorria. Ele... Entrei. Era o mesmo café, adorável! Tudo parecia mais aconchegante hoje. Acho que as pessoas não se importavam em doar seu calor, compartilhar. Sentei lá num canto (eu e meus cantos...), absorvido por tudo ao redor. O tempo passou? Cinco anos e parecia que, a qualquer momento, ele voltaria a estar ali comigo. Era o cheiro dele, ou do café, bem forte, que eu pedi?

Ao sair, a única questão que povoou minha mente foi: o que vim fazer aqui? Mesmo agora, quando o cansaço é tanto que impede o sono de chegar, essa pergunta está aqui, martelando incessantemente. Amanhã é domingo, pé de cachimbo...


sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Press Release



Meus queridos, não sei como andam as coisas com vocês, mas, por aqui, estamos vivendo praticamente sobre o mármore do inferno! (rs) Eu sou uma pessoa que, por natureza, já detesto calor, sol, ficar suado, grudando. E trabalho de terno e gravata. Que mais? Com o meu tratamento dos olhos fiquei mais fotofóbico do que o meu normal. Com todas essas “qualificações”, com a temperatura ficando constantemente elevada (ontem de madrugada estava em 27 graus!... sim, sou um tarado por números, medições, chegando ao absurdo de ter um termômetro bem preciso dentro de casa!), resolvi: vou pra Sibéria! (rsrsrs)

Falando sério: estava previsto uma viagem nossa (eu e o diretor geral) pros States no começo de março. Porém, dados os motivos expostos acima, resolvi (e convenci o meu diretor, rs) que o melhor seria ir o quanto antes. E como o fechamento anual já estava completo (tá certo que tivemos que trabalhar em um ritmo mais maluco do que o de sempre... tudo pela pátria!) lá vamos nós na próxima terça-feira! Miami, me aguarde! (rs)

Mais um detalhe: como não tiro férias há mais de dois anos, aproveitarei pra dar uma “esticada” até New York (rs). Há mais de 10 dias que ando sonhando com isso... fico vendo os gráficos de temperatura de lá, aquela maravilha em torno de 0 grau! Preparando aqui as minhas roupas mais pesadas... já pensaram, desfilar de sobretudo, cachecol, gorro, luvas por Manhattan?! #vemnimim, inverno! (rsrsrs)

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

De tudo o que tivemos na vida (parte 3)

Eu sei que pode parecer estranho, nesse tempo atual, tão imediatista, tão “fast-food”, tão dominado pelo pragmatismo, digamos assim, alguém como eu, que vive mergulhado nesse esquema todo, confessar publicamente (rs) que gosta muito de certos “rituais” (ultrapassados?) de flerte, corte, namoro e... de casamento. Aliás, pra quem lê com um pouco de atenção o que escrevo por aqui, já deve ter percebido isso. Sei que existe um limite, uma linha divisória, entre um ritual sincero e de coração e algo mais “comercial” e forçado. E, portanto, vazio de sentido.  É muito tênue essa linha. Difícil trafegar por sobre esse ela... mas, quando conseguimos, é tudo tão lindo!

Os amigos, dos tempos da minha juventude (tão longe isso... rs) sempre diziam que eu “era pra casar”. Tudo bem que eu “aprontava” de vez em quando. Mas, o que eu sempre quis era ter alguém pra caminhar junto, compartilhar experiências, dividir pesos, somar alegrias, essas coisas. Quando eu conheci o Zeca e fui percebendo que ele tinha um pensamento muito parecido com o meu, a mesma forma de encarar as coisas, o mesmo jeito carinhoso de lidar com as pessoas... nossa!... foi como ganhar na loteria! E os “nossos tempos” batiam de uma forma tão harmonicamente compassada que, evidentemente haveríamos de terminar em casamento. Como nem tudo é perfeito na vida, não tivemos um casamento oficial, de “papel passado”. Em compensação... foram 5 casamentos extraoficiais (rs), sempre como forma de revalidar todo o nosso sentimento, o nosso compromisso tacitamente sempre declarado. O primeiro eu já contei aqui, foi na Disney... essas coisas que ninguém acredita! Dos outros quatro (sempre engendrados pelo elemento “surpresa”, e que era a melhor parte!) foi ele quem “organizou” o terceiro.

Eu fui convidado para ser padrinho de casamento de um amigo meu, em “parceria” com a irmã dele. E, como ele era divorciado e a noiva queria casar no religioso, marcaram a cerimônia na igreja anglicana, que celebra casamentos, mesmo de pessoas que se separaram legalmente. Os dois, ele e a irmã, conheciam a minha história com o Zeca. Inclusive haviam levantado a hipótese de sermos, nós dois, um “casal” de padrinhos. Eu achei que seria bem bacana, nós dois de “pinguins-padrinho” no altar (rsrsrs), mas o Zeca achou que seria forçar demais a “barra”. Acertados os detalhes (e que são muitos...), alguns dias antes, o Zeca foi comprar a roupa dele e não quis que eu fosse junto. Tudo bem, estranho, mas acontece. No dia do casamento ele cismou que não iria no meu carro, que eu devia ir com a madrinha e ele iria no carro dele. Um pouco mais de estranheza... sinceramente, eu não atinei que ele iria tramar alguma coisa.

Estávamos, eu e minha parceira no altar, eu “metido” num meio-fraque (não gosto nem um pouquinho, mas, sabem como é, a noiva queria...), num papo informal e discreto, esperando a chegada da noiva, quando ela me diz: “Olha quem vem chegando... contenha-se, ein!” Meu Deus! Era a visão do paraíso! Ele estava com um terno cinza-claro, lindo, lindo... camisa branca e uma gravata azul bem clarinho... era uma luz entrando na igreja! Comparar o contraste era inevitável: eu, pele clara, numa roupa escura e ele, aquela cor de jambo, numa roupa luminosa. Durante toda a cerimônia não consegui desgrudar meus olhos dele! Não dá pra descrever a sensação. Era uma mistura de orgulho por amar, angústia e medo de perder, vontade de parar o mundo, de fazer girar mais rápido... estávamos casando, pela terceira vez, sem dizer palavra alguma, apenas pela troca de olhares e de energia amorosa. Foi deslumbrante...

Depois da recepção (que passamos grudados, o desejo explodindo tudo!) ele ainda me reservara um pouco mais de surpresa: ele havia arrumado a mesa de casa com um arranjo lindo de flores, duas taças, um champanhe, que ele sabia que eu adorava, e brindamos. Ele não era muito de falar... se atrapalhava um pouco, principalmente estando emocionado. Naquele dia, talvez aproveitando o “clima” da cerimônia anglicana, ele me disse algo mais ou menos assim: ele queria que prometêssemos, não um amor eterno, um amor “até que a morte separe”... ele queria que caminhássemos juntos, o mais próximos possível, até um ponto em que, se algum de nós sentisse um peso maior do que o tamanho do nosso amor, esse seria o ponto que determinaria o fim. Um amor verdadeiro não poderia admitir o estar juntos, mesmo depois da morte dele mesmo. Então, a morte do amor é que deveria determinar o fim de um casamento, e não a morte física de um dos dois...

.......

... é, meu amor, essa foi mais uma das coisas que também não deu pra cumprir. E assim foi, até que a morte nos separou...


domingo, 19 de janeiro de 2014

De Erros e Saudades

De vez em quando (ultimamente com uma frequência bem maior que o normal!) eu cometo erros que, sinceramente, não dignificam os meus 4.2 anos de vida! Eu posso ser muita coisa, mas não sou bobo, nem ingênuo. Ou seria melhor dizer que não sou quando o assunto não diz respeito à minha vida pessoal? Pode ser. Quando eu leio o que vocês comentam por aqui e mesmo quando ouço os meus amigos, eu entendo tão perfeitamente tudo! Mas, na hora do “jogo pra valer”, quando tenho que encarar a realidade e suas nuances, olha, é um verdadeiro horror! (rs)

A propósito de fechar o assunto “transa inesperada com o melhor amigo”... bem, eu enrolei, até quanto pude, o momento de encarar um “papo reto” com o Claudio. E, como também está se tornando usual, parece que a vida se encarrega de me por na devida encruzilhada, onde só se pode “ir ou rachar”. E isso só aconteceu na última sexta-feira. Foi assim: na quarta eu tive, novamente, a minha sessão-tortura com meu médico. Primeiro erro... quando o Claudio (que sempre me acompanha, desde que tudo começou) ligou querendo saber o horário da consulta, eu simplesmente disse que, como eu sentia que dava muito trabalho a ele, já havia combinado com outro amigo de ir comigo. Conseguem imaginar a reação dele? Então, ele apenas disse “OK” e desligou o telefone.

Eu mereço um prêmio! Mais de 10 dias após o ocorrido, ele liga “de boa”, querendo ser amigo e eu... dispenso! Sem comentários. Segundo erro: eu quis dar uma de “durão”! (rsrsrs) Eu devo ser de outro planeta mesmo! Na quinta, cegueta de um olho e com o outro enxergando mal e porcamente, eu, que já havia dispensado o outro amigo, resolvi me “virar” sozinho. Coisa de fortão, né! Resultado: logo no almoço, deixei cair o prato de comida, ao retirá-lo do micro-ondas e foi aquele espetáculo medonho na cozinha! Quase 1 hora pra limpar tudo. Depois, quando fui comer (outro!) lanche frio, ao pegar a jarra (de vidro!) com suco de laranja, que eu havia deixado na geladeira... preciso dizer o que aconteceu? Deve haver alguma lei da física que consiga explicar a imensa quantidade de cacos que se forma nesse tipo de situação com uma pessoa sem a menor habilidade (e paciência) para lidar com isso!

Adivinhem o que fiz? Pois é... liguei (já um pouco desesperado) para o... Claudio! E, sabem o que ele fez? Como é muito mais adulto que eu... veio e arrumou tudo! Marcamos uma conversa para sexta-feira, mesmo porque ele tinha que voltar pro trabalho. Foi só depois que ele terminou de limpar a minha lambança que eu comecei a perceber a total criancice contida em todas as minhas atitudes nos últimos dias. Será que eu, um dia, aprendo a ser um pouquinho mais adulto com tudo?

Sexta-feira, de noite. Eu já conseguindo ao menos enxergar as coisas (fisicamente falando, é óbvio), depois de “ensaiar” (isso é tão infantil, né?) o que iria falar, quando ele chegou... não sabia como começar! (rs... eu mereço!) Só sei que, em algum momento, eu comecei a pedir desculpas pra ele pelo que ocorreu (desculpas por uma transa... tsc, tsc, tsc) e foi quando ele me veio com essa: “Eu desculpo tudo, menos uma coisa... você não ter KY à mão!” A risada foi inevitável, né? E, nessa, entramos no “modo comédia” de ser, e tudo se tornou leve. Sério, deve ter baixado algum espírito zombeteiro (rs) nele, que tornou tudo de uma simplicidade impressionante. Aliás, ele me falou coisas que (corado agora!) não posso repetir aqui. Tenho, decididamente, muita sorte na vida. Ele conseguiu recuperar a nossa amizade a partir da ironização da nossa... intimidade. Tá de parabéns!

Nosso “papo” durou horas... e voltamos a ser quem éramos. Pelo menos eu penso assim. O único assunto mais sério, digamos assim, foi quando, lá pelas “tantas”, começamos a falar sobre saudade e o quanto ele acha que isso é uma coisa que faz parte do meu modo de seguir com a minha vida. Como não podia deixar de ser, acho que ele tem razão. Embora de uma maneira diferente do que era há algum tempo, a presença do Zeca ainda é muito forte em mim. Isso talvez explique muitas coisas. Ele disse que, enquanto eu não conseguir me livrar do peso que carrego das tristezas por que passei, eu não conseguirei ter comigo somente as boas lembranças da vida que tivemos. Não sei se concordo muito com isso.       

Eu costumo classificar a alegria e a tristeza, de acordo com seu tamanho. Sei que parece maluquice, já me disseram isso. (rs) De acordo com essa “teoria”, eu vejo a vida como uma composição de poucas grandes alegrias e tristezas e muitas pequenas. Conseguem entender? Uma grande alegria pra mim foi o dia em que ele veio morar comigo, por exemplo. A maior tristeza... nem preciso dizer qual foi. Com o passar do tempo (ainda de acordo com minha tresloucada teoria) as grandes alegrias acabam por anular as grandes tristezas e, da história, restam as lembranças. E, das pequenas tristezas, nada resta, nem lembranças, dada a quase sempre insignificância delas. E, o que acontece com as pequenas alegrias?

Dessas pequenas alegrias que não existem mais, é que surge a saudade. Saudade das alegrias que se tornaram rotinas, como, por exemplo, fazer compras juntos, jantar ouvindo música, dormir bem juntinho em noites frias, dizer bobagens e rir, beber demais e rir, ficar bravo e rir, depois, das bobagens que provocaram a braveza... coisas assim. São essas coisas que, de fato, constroem um grande e verdadeiro amor e que, de repente, desaparecem da nossa frente, deixando em seu lugar essa saudade que não podemos controlar. Ou podemos? Será que estou cometendo outro erro de percepção?


domingo, 5 de janeiro de 2014

V1/VR


Na decolagem de um avião existe um ponto crítico de decisão, definido pela mínima velocidade a partir da qual a decolagem pode ser continuada com segurança, dada a distância do ponto da decolagem efetiva, combinada com a velocidade máxima, a partir da qual a aeronave não pode mais ser parada. Parece complicado. E é! Ainda mais que essa decisão entre decolar ou abortar está exclusivamente nas mãos do piloto. Pouco entendo de aviação, mas sempre trago comigo essa ideia, fundamentando a prática das minhas ações mais importantes. Já decolei e abortei decolagens muitas vezes e sempre me achei “mestre” no assunto, talvez por compreender que isso nada mais é do que se guiar, única e exclusivamente, pela razão.

Longo preâmbulo... pode ser que, para a maioria das pessoas, aquilo que eu pretendo escrever nem implique em tanto cuidado. Eu devo ser uma pessoa muito complicada e que, sei lá, talvez precise de algum tipo de ajuda psicológica. Ultimamente tenho pensado muito nisso. Saber que não se pode ter o controle de tudo, muito menos da nossa vida, isso anda fazendo com que eu repense algumas coisas. Bem, vamos aos fatos.

O natal foi surpreendentemente bom pra mim. Como eu iria passar apenas com o Claudio aqui em casa, os meus amigos “mais chegados”, antes de irem para suas respectivas famílias, deram uma passada por aqui. A princípio fiquei maluco, pois tive que organizar alguma coisa de última hora e isso sempre é complicado pra mim. É a tal mania de planejar! No final correu tudo de forma excelente, com o pessoal se despedindo bem tarde. Foi um natal totalmente diferente de todos os que eu já tive. Com mais pessoas, na minha casa, uma sensação nova e muito boa.

Nos dias seguintes, quando eu já me preparava pra passar o réveillon no meu modo “padrão”, outra surpresa: dois amigos meus, casados, me convidaram (e ao Claudio) para passarmos na praia. Primeira reação... agradecer imensamente, mas... Depois (que estranha combinação astral estaria provocando isso?!), resolvi aceitar. Acho, inclusive, que essa minha decisão foi um dos fatores desencadeantes dessa anormal onda de calor que temos por aqui. Só pode, sair do padrão 2 vezes em tão pouco tempo!

Guarujá, um belo apartamento, de frente pro mar, tudo impecável, móveis, decoração (esse casal de amigos tem uma empresa de paisagismo), apenas um detalhe “destoante”: é um apartamento com 2 quartos. Logo... um para o casal e outro... Um sentimento de “estranheza” (essa é a palavra que primeiro surgiu em minha mente) me tomou: depois de muitos anos, mais de 12, eu iria dividir o quarto com outra pessoa que não o Zeca. Para quem não percebeu ainda, além de recatado (rs), sou muito formal, além de tímido. Interessante que é assim com as pessoas mais próximas a mim. Mais um ponto a esclarecer em alguma consulta psicológica.

Esclarecendo: eu conheço o Claudio há uns 20 anos, desde o tempo da faculdade. No início até que chegou a “rolar” um clima entre a gente. Com o passar do tempo, a amizade se consolidando, fomos nos tornando tão confidentes, tão um sabedor das alegrias e tristezas, um do outro, que talvez a palavra “irmãos” seja a que melhor define a nossa relação. E, vejam vocês, com tudo isso, apesar de tudo isso, eu “estranhei” que teria de dividir o mesmo quarto com ele! Entretanto, com o passar dos dias, eu tomei consciência de que tudo não passou de uma “bobeira inicial” da minha parte. Tudo corria da melhor forma imaginável, fomos nos tornando cada vez mais informais, e eu sentindo que estávamos, de fato, coroando o nosso relacionamento com o que faltava, que era o desarme total das últimas barreiras. Não sei se conseguem entender isso.

Na noite do dia 01, todo mundo mais que cansado, fomos todos dormir mais cedo. Eu e o Claudio “engatamos” a conversar e, quase “varamos” a madrugada, em um retrospecto dos melhores momentos da nossa vida. Quando dormimos eu pensei: nossa! eu não tive um irmão de sangue, mas Deus me deu um que vale por muitos! Eu estava feliz, muito feliz! Dormi feito um anjo! Dizem que depois da tempestade vem a bonança. Mas, também pode ocorrer o contrário!   

Dia 02, fomos dormir já bem tarde. Praia, sol, caminhadas... ando meio fora de forma. Ao me deitar, lembrei do meu colírio, que tem que ser usado, religiosamente, antes de dormir. Não estava na mesinha de cabeceira. O Claudio, como ainda estava se ajeitando, foi buscar na sala, onde eu havia esquecido. Nesse ínterim, acho que passou pela cozinha, não sei, o fato é que eu cochilei. Ele chegou, sentou na beirada da cama, me acordou de leve e, se inclinando sobre mim, pingou nos meus olhos. Escorreu um pouco e ele passou o dedo no meu rosto. Nesse momento... para quem não entendeu o primeiro parágrafo do post... esse foi o momento de “decolar ou abortar a decolagem”. Momento da razão que deveria imperar. E, com certeza, a minha razão estava dormindo... e eu decolei!

O que aconteceu comigo? Que extremo vacilo, bobeira sem tamanho, sei lá, fez com que eu desse um nó gigantesco em tudo? E a responsabilidade foi toda minha. Ele apenas respondeu ao que eu conduzi. Não posso nem dizer (a tão esfarrapada desculpa!) que eu havia bebido! Simplesmente, quando me dei conta, o “ponto de decisão” havia sido ultrapassado. Muitos de vocês podem estar pensando que estou fazendo um drama onde não existe. Pode até ser. Mas, eu não consigo ver de forma diferente. Não acredito que sexo e amizade sejam ingredientes que possam conviver no mesmo espaço. Estou errado?

Resumo: desde sexta-feira, quando voltamos pra cá, não consegui conversar ainda com ele. E ele também nem ligou. Constrangidos os dois? Decididamente, sei que eu é que devo provocar uma conversa com ele. Como conduzir isso? Esse fim de semana eu passei apenas pensando...